A Sociedade Esportiva Palmeiras vive uma das semanas mais delicadas de sua gestão recente. Em apenas 15 dias, o clube foi punido por três instâncias distintas — CONMEBOL, Federação Paulista de Futebol e Superior Tribunal de Justiça Desportiva — com multas que somam mais de R$ 259 mil. O clube, que ainda tenta manter a calma após a renovação do contrato de Abel Ferreira até 2027, agora precisa lidar com uma tempestade disciplinar que vai muito além do campo.
CONMEBOL impõe multa de USD 15 mil por infração regulatória
Em 3 de novembro de 2025, a CONMEBOL anunciou oficialmente uma multa de USD 15.000 (cerca de R$ 78.750,00 na cotação de 20 de novembro) ao Palmeiras por violação dos artigos 5.1.5 e 5.1.5.1 de seu regulamento disciplinar. Os detalhes da infração não foram divulgados publicamente, mas fontes internas sugerem que se trata de uma falha na apresentação de documentos relacionados a um jogo da Copa Libertadores. A entidade, com sede em Luque, Paraguai, mantém rigor absoluto em processos administrativos, e o clube tem até 15 dias para pagar ou recorrer ao Tribunal Arbitral do Esporte em Lausanne, Suíça.
FPF aplica duas punições: uma multa e uma advertência
Na mesma semana, a Federação Paulista de Futebol confirmou dois processos disciplinares julgados pela 1ª Comissão Disciplinar, composta por Carlos César de Souza, André Luiz de Oliveira e Silva e Fernanda Cristina Alves da Costa. No Processo Nº 1695/2025, envolvendo o clássico contra o Santos Futebol Clube, o Palmeiras foi multado em R$ 750,00 — valor mínimo permitido — por suposta atitude inadequada de torcedores no estádio. Já no Processo Nº 1702/2025, relativo ao jogo contra o Clube Atlético, a punição foi convertida em advertência formal, sem valor financeiro. Ambas as decisões, registradas nas Atas 150 e 151 de 15 de dezembro de 2025, foram unânimes.
STJD julga caso de atleta e impõe multa por conteúdo homofóbico
O mais grave dos casos, porém, é o envolvimento do lateral-esquerdo Gabriel Veron, nascido em São José do Rio Preto em 22 de janeiro de 2002. Em 5 de novembro de 2025, ele publicou em suas redes sociais uma mensagem considerada homofóbica. O STJD, com sede no Rio de Janeiro, aplicou multa de R$ 80 mil ao clube e obrigou o jogador a publicar um comunicado de reparo em suas redes por sete dias. A decisão foi unânime entre os 12 auditores do pleno, que já puniram o Vasco da Gama com R$ 708 mil por racismo em 2023 — valor corrigido.
Paralelamente, o Palmeiras recorre ao STJD no Processo 254/2025 contra a multa de R$ 100 mil aplicada ao atacante Allan Andrade Elias. A 6ª Comissão Disciplinar o puniu por suposta conduta antiética durante jogo, mas o clube argumenta que o caso se assemelha ao precedente do Flamengo, em que Bruno Henrique teve suspensão convertida em multa. O julgamento está marcado para 10 de novembro de 2025, às 10h, sob relatoria da Auditora Drª Antonieta da Silva Pinto. A transmissão será ao vivo pelo site do tribunal.
Departamento jurídico do Palmeiras atua em múltiplas frentes
Enquanto isso, o departamento jurídico do clube, liderado por Marcelo Lobianco, com apoio da Procuradoria comandada por Thiago Heleno, trabalha em regime de emergência. As multas somam R$ 259.500,00 — um valor que, em um clube com orçamento apertado no final do ano, pode impactar diretamente a contratação de jogadores para a próxima temporada. A presidente Leila Pereira manteve a postura de confiança, mas fontes internas revelam que há preocupação real com a reputação e o custo legal.
Precedentes e impacto no futebol brasileiro
O caso de Gabriel Veron pode virar referência para outras punições por discurso de ódio no futebol. Em 2023, o STJD já havia sinalizado que não toleraria mais silêncio diante de discriminação — e agora, com a correção monetária, multas podem chegar a mais de R$ 700 mil. Já o recurso de Allan Andrade Elias pode definir se o STJD passa a considerar a intenção do atleta ou apenas o efeito da ação. O precedente do Flamengo, em que uma suspensão de 12 jogos virou multa de R$ 100 mil, é o principal argumento da defesa. Mas o tribunal já demonstrou, em outros casos, que não aceita apenas alegações de “não intenção”.
O que vem a seguir?
A próxima semana será decisiva. O julgamento do Processo 254/2025 no STJD, em 10 de novembro, pode alterar o rumo das punições. Se o recurso for negado, o Palmeiras terá que pagar R$ 180 mil em multas diretas — e ainda arcar com os custos de campanhas de reparação. Se for aceito, o clube ganha fôlego, mas o precedente pode abrir caminho para outras defesas semelhantes em todo o Brasil. Enquanto isso, a CONMEBOL aguarda o pagamento ou o recurso ao TAS. E o STJD já anunciou que vai publicar um novo guia de conduta para atletas em redes sociais até o fim do ano.
Frequently Asked Questions
Quais são os valores totais das multas aplicadas ao Palmeiras e como elas se dividem entre as instâncias?
O total das multas chega a R$ 259.500,00: R$ 78.750 da CONMEBOL (USD 15 mil), R$ 80 mil por conteúdo homofóbico, R$ 100 mil em processo contra Allan Andrade Elias (ainda em recurso) e R$ 750 da FPF. A advertência no outro processo não tem valor financeiro. O valor real pode mudar dependendo do resultado do recurso no STJD.
Por que a CONMEBOL puniu o Palmeiras sem divulgar a infração específica?
A CONMEBOL costuma manter sigilo sobre detalhes técnicos de infrações administrativas, especialmente quando envolvem documentos ou procedimentos internos. Isso é comum em processos de Copa Libertadores, onde a entidade prioriza a integridade do processo sobre a transparência pública. O clube pode solicitar acesso aos autos por meio de pedido formal, mas isso não garante divulgação.
O que pode acontecer se o Palmeiras não pagar as multas dentro do prazo?
Se não pagar, a FPF pode bloquear receitas de competições estaduais, e a CONMEBOL pode impedir a inscrição do clube em futuras competições sul-americanas. O STJD, por sua vez, pode aplicar sanções adicionais, como proibição de inscrição de novos jogadores ou até restrições no uso de sua sede. O risco é real, mesmo que o clube tenha recursos para pagar.
O caso de Gabriel Veron pode gerar mudanças nas regras do futebol brasileiro?
Sim. O STJD já anunciou que vai publicar um novo guia de conduta para atletas em redes sociais até dezembro. O caso de Veron é um dos primeiros em que o clube foi punido diretamente por ato individual de jogador — e não apenas o atleta. Isso pode obrigar outros clubes a implementar treinamentos obrigatórios de diversidade e monitoramento de redes sociais.
O precedente do Flamengo pode ajudar o Palmeiras no recurso de Allan Andrade Elias?
Pode, mas não é garantia. O caso de Bruno Henrique foi excepcional: ele não agiu com má-fé, apenas informou o irmão sobre o cartão amarelo. Já Allan Andrade Elias foi acusado de manipulação de jogo, o que é mais grave. O STJD já sinalizou que não considera “intenção” como atenuante em casos de manipulação — mesmo que o resultado não tenha ocorrido.
Quem é responsável por decidir se o Palmeiras recorre da multa da CONMEBOL ao TAS?
A decisão final cabe à diretoria do clube, mas o departamento jurídico, com Marcelo Lobianco e Thiago Heleno, prepara o parecer técnico. Recorrer ao TAS custa cerca de R$ 120 mil em taxas e despesas, e o prazo é de 21 dias após a notificação. O clube precisa avaliar se vale a pena arriscar uma possível sanção maior — ou se é melhor pagar e evitar riscos futuros.
Camila Lasarte
Isso é uma vergonha nacional. O Palmeiras é um clube que representa o Brasil no exterior, e agora é punido por detalhes burocráticos enquanto outros clubes fazem o que querem sem consequência. Essa CONMEBOL é um bando de burocratas que não entende o futebol brasileiro. E ainda querem nos ensinar ética?!
Beatriz Avila
Alguém mais acha que isso é um plano da FIFA pra enfraquecer os grandes clubes brasileiros? Toda vez que o Palmeiras faz algo grande, surgem multas misteriosas... e o STJD sempre pega o jogador mais jovem pra fazer o bode expiatório. O Veron tá sendo sacrificado pra desviar o foco de algo muito maior. Tá tudo conectado, gente. Tá tudo conectado.
Joana Elen
Eu não sou torcedor do Palmeiras, mas isso aqui é assustador. Quem autorizou o jogador a postar isso? E por que o clube não tinha um protocolo de redes sociais? Isso não é só sobre multa, é sobre falta de gestão. Eles não estão punindo o jogador, estão punindo a incompetência da diretoria. E agora vão pagar por isso por anos.