CNJ aposenta Marcelo Bretas após série de polêmicas na Lava Jato

O clima era tenso no plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nos dias 3 e 4 de junho de 2025. Após horas de deliberações, os conselheiros decidiram, de forma unânime, pela aposentadoria compulsória de Marcelo Bretas, que ficou conhecido como o responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Em termos práticos, ele está proibido de exercer cargos na magistratura, mas ainda garante uma fatia do salário correspondente ao tempo de serviço no Judiciário.

O relator do caso, José Rotondano, não economizou nas críticas. Acusou Bretas de buscar holofotes ao tomar decisões que chamariam atenção do público e da mídia, distanciando-se da imparcialidade judicial. Segundo Rotondano, o ex-juiz usava métodos “inquisitoriais” e criava estratégias processuais apenas para construir sua própria imagem dentro e fora dos tribunais. Nas palavras do conselheiro, a preocupação de Bretas era mais com projeção pessoal do que com a função e a responsabilidade de julgar com neutralidade.

Aval avalanche da Lava Jato ao descrédito e punição judicial

O CNJ avaliou episódios que deixaram o judiciário brasileiro sob intenso questionamento, principalmente nos casos ligados à Lava Jato. Um dos grandes motores dessa decisão foi o comportamento controverso de Bretas em momentos sensíveis, como o agendamento de depoimentos de forte teor político justamente às vésperas das eleições de 2018. Para conselheiros e críticos, isso foi uma clara tentativa de interferência no andamento da disputa eleitoral, rompendo a linha tênue entre justiça e política.

Bretas estava afastado do cargo desde fevereiro de 2023. Aquela sétima vara federal criminal do Rio, antes palco das maiores operações, hoje funciona com outro magistrado, enquanto Bretas acompanha à distância o desfecho de sua própria carreira. Ele foi alvo de três procedimentos disciplinares, cujas investigações apontavam, além da autopromoção, acordos curiosos com advogados e condutas nada convencionais no andamento dos processos.

  • Parte dessas investigações detalhava encontros e conversas informais com figuras públicas e advogados, levantando dúvidas sobre a independência dos seus julgamentos.
  • Também chamou atenção o destaque exagerado dado por Bretas à imprensa e seu envolvimento midiático, algo pouco tradicional para os padrões do Judiciário brasileiro.
  • Em alguns processos, advogados denunciaram práticas consideradas autoritárias, com limitações de defesa e determinações excessivamente severas para garantir prisões e delações premiadas.

A queda do ex-juiz reflete um cenário bem diferente do auge da Lava Jato, quando seus integrantes eram vistos como heróis do combate à corrupção. Nos últimos anos, vieram à tona irregularidades processuais e questionamentos sobre o uso político da operação, levando inclusive à anulação de sentenças rumorosas. O CNJ, com a aposentadoria de Bretas, envia um recado direto para juízes de todo o país: não basta aplicar a lei, é preciso respeitar limites e evitar transformar o tribunal em palco pessoal ou arena política.

Sobre Aline Rabelo

Sou jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Trabalho em um jornal renomado, onde busco sempre trazer uma perspectiva única e detalhada dos fatos. Acredito no poder da informação para transformar a sociedade.

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17 Comentários

eduardo rover mendes

eduardo rover mendes

Bretas foi um dos poucos que realmente botou a mão na massa. Se hoje o CNJ tá com medo de fazer justiça, isso não é culpa dele, é culpa de um sistema que prefere silêncio a coragem.

Quem não lembra das prisões que ele garantiu? Dos bilhões recuperados? Agora todo mundo quer ser o juiz imaculado, mas na hora do aperto, sumiu.

valdete gomes silva

valdete gomes silva

Essa aposentadoria é um tapa na cara de quem acreditou que a Lava Jato era sobre justiça. Era sobre vingança disfarçada de moralidade. Bretas era um palhaço que se achava o herói do povo. E o povo caiu de cabeça.

Renan Furlan

Renan Furlan

Acho importante lembrar que juiz não é apresentador de TV. A imprensa sempre teve um papel enorme na construção da imagem dele, e isso é perigoso pra democracia. O Judiciário precisa ser um lugar de silêncio, não de aplausos.

João Paulo S. dos Santos

João Paulo S. dos Santos

a luta contra a corrupção nunca pode ser feita com as mãos sujas
se o juiz vira show, a justiça perde o sentido

thiago oliveira

thiago oliveira

O termo 'aposentadoria compulsória' é tecnicamente impreciso. Ele foi destituído por violação de deveres funcionais, o que não equivale à aposentadoria, mas à demissão por justa causa. O CNJ, ao usar essa terminologia, confunde o público e banaliza o direito administrativo.

Nayane Bastos

Nayane Bastos

eu acho que o que importa é que a justiça tá se corrigindo. não é perfeito, mas tá tentando voltar pro caminho certo. muita gente sofreu por causa das decisões dele, e agora tá tendo chance de recomeçar.

felipe sousa

felipe sousa

Esses juízes que viram celebridades são o que destruiu o Brasil. Lava Jato foi um golpe jurídico disfarçado de moral. Bretas era um traidor da magistratura. Pena que não foi preso.

Priscila Ribeiro

Priscila Ribeiro

não é sobre ser herói ou vilão
é sobre não perder o rumo
o sistema precisa de juízes que julgam, não que se apresentam

Maria Clara Francisco Martins

Maria Clara Francisco Martins

Acho que a gente precisa entender que o que aconteceu com Bretas não é só sobre ele. É sobre como a nossa sociedade valoriza o espetáculo em vez da substância. Quando um juiz vira ícone, quando a mídia o transforma em herói, o sistema judicial perde sua essência. A justiça não é feita para ser aplaudida, é feita para ser respeitada. E quando a gente começa a confundir popularidade com legitimidade, aí a coisa realmente desanda. Bretas foi um produto desse momento, e o CNJ, por mais que pareça tardio, está tentando reverter esse modelo. Não é perfeito, mas é um passo. E talvez, só talvez, isso abra espaço para que novos juízes aprendam que o poder não se mede por entrevistas na Globo, mas por decisões sólidas, imparciais e que não precisam de luzes para serem justas.

Thalita Gomes

Thalita Gomes

a justiça tem que ser neutra mesmo que ninguém aplauda

Ernany Rosado

Ernany Rosado

bretas foi um dos poucos que botou a mão no fogo por isso
agora todo mundo quer ser santo mas na hora do aperto ta no canto

Isabelle Souza

Isabelle Souza

É curioso, não? A mesma sociedade que o aclamava como salvador, agora o condena como corruptor. Mas será que o problema foi ele... ou foi a nossa incapacidade de lidar com a complexidade? A Lava Jato não era apenas uma operação: era um espelho. E nesse espelho, vimos o quanto queríamos acreditar em uma justiça simples, clara, heroica - mesmo que fosse uma ilusão. Bretas alimentou essa ilusão. E quando a ilusão desmoronou, o povo virou as costas. Mas a verdade é que o sistema, não ele, era o que estava quebrado. E agora, em vez de consertar o sistema, a gente escolhe sacrificar o símbolo. É mais fácil. É mais confortável. Mas não é justo.

Francis Tañajura

Francis Tañajura

Essa aposentadoria é um crime contra a moralidade. Bretas colocou ladrões na cadeia, e agora o Judiciário está se curvando aos interesses dos corruptos que ele prendeu. Isso é retrocesso puro. Quem defende isso é cúmplice.

Nat Vlc

Nat Vlc

tem coisa pior que um juiz corrupto? um juiz que acha que é o herói da história
ele não era mau, só achava que o fim justificava os meios
e isso é tão perigoso quanto

Miguel Oliveira

Miguel Oliveira

juiz que quer fama nao ta la pra julgar ta la pra se promover

Allan Fabrykant

Allan Fabrykant

Você sabe o que é mais triste? Não é que Bretas tenha sido aposentado. É que ninguém mais vai querer fazer o que ele fez. Ele encarou os poderosos, enfrentou a máquina, e agora todo mundo tá com medo de se expor. A Lava Jato era feia, caótica, às vezes injusta - mas era corajosa. Hoje, o que temos é um monte de juízes que só querem passar em branco, evitar polêmica, não chamar atenção. E aí, quem paga? Os que não têm voz. A justiça não é um show, mas também não pode ser um silêncio confortável. Bretas era um caos. Mas o caos às vezes é o que faz a roda girar. Agora, vamos esperar o que? Um juiz que só assina papel e não olha nos olhos dos corruptos? Isso é justiça? Ou é covardia disfarçada de equilíbrio?

Leandro Pessoa

Leandro Pessoa

aqui vai a verdade que ninguém quer ouvir: se o sistema tivesse funcionado direito, Bretas nunca teria chegado onde chegou. ele só foi o reflexo do caos que a gente deixou crescer. agora que ele caiu, o sistema ainda tá lá, intacto, e ninguém tá disposto a mudar nada. isso não é justiça. é esquecimento.

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