Na véspera da final da Copa Intercontinental da FIFAEstádio Ahmad bin Ali, o técnico Luis Enrique Sánchez fez uma análise crua e surpreendente do Flamengo. "Eu não queria eles na final. Não é uma boa notícia enfrentar em uma final um time brasileiro", confessou o treinador espanhol de 54 anos, que comanda o Paris Saint-Germain desde junho de 2024. A declaração, feita em coletiva em Doha, Catar, não veio de impulso — veio de respeito, medo e, talvez, um pouco de frustração. O PSG, campeão da Liga dos Campeões da UEFA 2024/2025, enfrenta o Flamengo, campeão da Copa Libertadores, numa decisão que pode consagrar o primeiro clube francês a levantar esse troféu. Mas Luis Enrique sabe: não será fácil.
Botafogo x Flamengo: dois estilos, uma mesma dor
Ele comparou o Flamengo com o Botafogo, que derrotou o PSG por 2 a 1 na Copa do Mundo de Clubes da FIFADoha em julho deste ano. "Jogamos contra o Botafogo, que fez um jogo fechado. Se defendiam, esperavam, atacavam pouco. É o tipo de time que estamos acostumados a enfrentar", explicou. Mas aí veio o contraste: "O Flamengo não joga assim. Eles saem jogando de trás, pressionam com intensidade, têm qualidade técnica e fisicalidade brutal. São experientes, sabem jogar grandes partidas. É um time impressionante." A diferença entre os dois times brasileiros é quase filosófica. O Botafogo, sob Fábio Carille, jogou como um muro com contra-ataques letais. O Flamengo, comandado por Filipe Luís Kasmirski, é um time de posse, pressão alta e transições rápidas — algo que desafia o modelo europeu de controle. E isso assusta Luis Enrique. "Amanhã vai ser muito difícil de ficar com a bola", admitiu. Ele não está falando de sorte ou erro arbitral. Está falando de um sistema que não se encaixa no seu modelo.Um treinador que venceu, mas não se sente seguro
Com 57 vitórias, 12 empates e 11 derrotas em 80 jogos no PSG — um aproveitamento de 76% — Luis Enrique é um dos técnicos mais bem-sucedidos da história do clube. Em 2024/2025, levou o time a conquistar cinco títulos: Supercopa da UEFA, Liga dos Campeões, Campeonato Francês, Taça da França e Supercopa Francesa. Mas mesmo com esse currículo, ele não esconde a pressão. "Estamos cientes da importância deste jogo. Isso representa muito para nós. É a primeira vez que podemos levar esse troféu." A frase soa como um pesar. Porque o PSG, apesar de toda a riqueza, nunca venceu a Copa Intercontinental. O troféu, que une os campeões da Europa e da América do Sul, tem um peso histórico que o clube francês ainda não conseguiu decifrar. Enquanto o Flamengo, com quatro Libertadores e nove títulos nacionais em 2025, já é um império sul-americano, o PSG ainda busca sua primeira coroa global. Afinal, vencer o Real Madrid na Champions não é o mesmo que vencer o Flamengo em Doha.Por que o estilo brasileiro é tão difícil de parar?
O que Luis Enrique não disse, mas todos entendem: o futebol brasileiro tem uma alma diferente. Não é só técnica. É intuição. É coragem. É ousadia em momentos de pressão. O Flamengo, com jogadores como Gabigol, Arrascaeta e o jovem fenômeno João Gomes, combina experiência e juventude de forma rara. Enquanto o PSG conta com estrelas como Kylian Mbappé e Lionel Messi — que, curiosamente, não jogará por lesão — o Flamengo tem um time coeso, que respira junto. E isso não se treina em sala de vídeo.Transmissão e o peso da história
A final será transmitida ao vivo pela TV Globo, Sportv e ge, a partir das 14h (horário de Brasília). Milhões de brasileiros vão torcer. Milhões de franceses vão torcer. Mas só um vai levantar o troféu. E, para o PSG, é mais do que um título. É a chance de encerrar um ciclo de frustrações. Para o Flamengo, é a confirmação de um reinado.Como o Flamengo se prepara para o desafio?
Enquanto Luis Enrique analisa vídeos e monta estratégias, o Flamengo treina em Doha com foco em pressão e transição. Filipe Luís Kasmirski, ex-lateral do Barcelona e da seleção brasileira, não quer apenas defender. Quer dominar. "A gente não veio até aqui para jogar com medo. Vamos jogar como sempre jogamos: com paixão e identidade", disse em entrevista exclusiva ao ge. A equipe já venceu o Botafogo na Supercopa do Brasil e o River Plate no Dérbi das Américas. Não é um time de sorte. É um time de propósito.Frequently Asked Questions
Por que Luis Enrique disse que não queria o Flamengo na final?
Luis Enrique admitiu que enfrentar um time brasileiro em final é mais difícil do que o esperado, especialmente depois da derrota para o Botafogo na Copa do Mundo de Clubes. O Flamengo tem um estilo ofensivo, físico e técnico que desafia o modelo europeu de controle. Ele já havia declarado em entrevista à TV brasileira que preferia o Pyramids (do Egito) na final, mas acabou enfrentando o time carioca, que considera mais perigoso.
Qual a diferença entre o estilo do Botafogo e do Flamengo?
O Botafogo jogou de forma fechada, esperando contra-ataques e se defendendo com organização defensiva. Já o Flamengo ataca com posse de bola, pressiona alto sem a bola e sai jogando da zaga. Enquanto o Botafogo venceu por contenção, o Flamengo vence por domínio — algo que exige mais da defesa do PSG e aumenta o risco de erros em momentos críticos.
O PSG já venceu a Copa Intercontinental antes?
Nunca. O Paris Saint-Germain nunca conquistou a Copa Intercontinental, apesar de ter vencido a Liga dos Campeões em 2024/2025. O troféu, criado em 1960 e retomado em 2017, é disputado entre os campeões da UEFA e da CONMEBOL. O último clube europeu a vencer foi o Real Madrid, em 2022. O PSG busca ser o primeiro francês a levantar o troféu.
Quais são os principais jogadores do Flamengo na final?
Gabigol, líder de gols da Libertadores em 2025, é o centro das atenções. Arrascaeta, com sua visão de jogo e precisão nos passes, comanda o meio-campo. O jovem João Gomes, de 20 anos, surpreendeu com sua velocidade e finalização. Na defesa, Thiago Maia e Rodrigo Caio dão estabilidade. O time tem equilíbrio entre experiência e juventude — um diferencial crucial em finais.
Por que essa final é histórica para o Flamengo?
O Flamengo encerrou 2025 com nove títulos nacionais e quatro Libertadores, tornando-se o primeiro clube brasileiro a conquistar o tetra da Libertadores. Vencer o PSG, campeão europeu, confirmaria o domínio sul-americano e colocaria o clube no mesmo patamar histórico de times como o Barcelona e o Real Madrid. É a consagração de um projeto que começou em 2019 e se consolidou em 2025.
O que está em jogo além do troféu?
Além do troféu, está em jogo a percepção global do futebol. O Flamengo representa o futebol de paixão, criatividade e identidade. O PSG representa o futebol de investimento, tecnologia e estrelas. A final é um embate de filosofias. Se o Flamengo vencer, reforça que o futebol sul-americano ainda tem o poder de surpreender o mundo. Se o PSG vencer, tenta apagar a vergonha da derrota para o Botafogo e reafirmar sua supremacia.
Mariana Moreira
Esse Luis Enrique tá com medo, né? 😅 Depois de perder pro Botafogo, agora fala que não queria o Flamengo na final... Tá mais preocupado com o estilo do que com a táctica, e isso é o pior possível pra um técnico europeu!
Mayri Dias
É interessante como ele reconhece a diferença cultural no futebol. O Flamengo não é só um time, é uma filosofia. A pressão alta, a posse, a intuição... Isso não está nos manuais da UEFA. E talvez por isso ele tenha medo.
Dayane Lima
será que ele já viu o João Gomes jogar? pq se não viu, tá na hora de ver...