A noite que virou história no Cilindro

Noite de peso em Avellaneda. Empurrado por um estádio lotado, o Racing venceu o Peñarol por 3 a 1, reverteu a desvantagem da ida e carimbou a vaga nas quartas de final da Copa Libertadores. Precisava ganhar após a derrota mínima em Montevidéu e entregou mais do que isso: uma virada que misturou pressão, nervos e um desfecho tardio, daqueles que mudam o humor de uma temporada.

O roteiro começou cedo. Aos 7 minutos, Adrián “Maravilla” Martínez apareceu como quem sabe onde a bola vai cair e abriu o placar. O gol incendiou o Cilindro e colocou o Racing no trilho certo. Só que o Peñarol respondeu rápido: aos 15, Nahuel Herrera testou firme após cruzamento e silenciou a arquibancada por alguns segundos. O duelo ganhou outro tom: controle argentino, frieza uruguaia, e cada bola dividida parecia decisão.

Não faltou polêmica. Ainda na primeira etapa, Marcos Rojo marcou, mas o lance voltou após revisão no vídeo: Wilmar Roldán foi ao monitor e anulou por falta de ataque em Javier Méndez na origem da jogada. A checagem esfriou o Racing por instantes, mas não mudou o plano: amplitude pelos lados, laterais altos e muita gente pisando na área. Brayan Cortés, seguro, segurou o que podia e manteve o Peñarol vivo até o intervalo.

O segundo tempo veio com a intensidade no talo. O Racing adiantou as linhas, forçou perdas rápidas e não deu tempo para o rival respirar. O Peñarol tentou baixar o ritmo com faltas, inversões longas e aquela velha malícia de quem conhece o terreno. Mas o relógio corria contra os uruguaios. A cada roubada de bola no campo ofensivo, a área aurinegra virava um tumulto.

O lance que virou a chave saiu aos 38 do segundo tempo. Em infiltração pelo corredor esquerdo, o Racing atacou a meia-lua, a bola saiu prensada e acabou no braço do defensor. Roldán apontou a marca da cal sem hesitar. Na cobrança, Martínez foi frio: bola de um lado, goleiro do outro. Era o 2 a 1 e a sensação de que a maré tinha mudado de vez. Ao mesmo tempo, foi o gol que levou “Maravilla” a um feito pessoal: tornou-se o maior artilheiro do clube em competições internacionais, com 17 gols.

Quando a prorrogação já parecia no horizonte, veio o capítulo final. Aos 48 do segundo tempo, uma bola alçada da direita encontrou a cabeça de Franco Pardo. Testada precisa, no contrapé de Cortés. O estádio explodiu. Não sobrou mais tempo para reação. O 3 a 1 fechou a conta e mandou o Peñarol para casa, derrotado no detalhe onde a Libertadores costuma decidir: na pressão do fim.

  • 7’ – Adrián Martínez abre o placar: presença de área e oportunismo.
  • 15’ – Nahuel Herrera empata de cabeça para o Peñarol.
  • 1ºT – Gol de Marcos Rojo anulado após revisão do VAR por falta na origem.
  • 83’ – Pênalti para o Racing; Martínez converte e chega a 17 gols internacionais pelo clube.
  • 90+3’ – Franco Pardo decide de cabeça e sela a classificação.
Tática, personagens e o que vem agora

Tática, personagens e o que vem agora

O Racing venceu porque impôs ritmo e acumulou gente perto da bola. Pela direita, triangulações constantes atraíram a marcação; pela esquerda, a equipe achou espaço para cruzamentos no segundo pau. O meio-campo trabalhou com pressão após perda e retomadas altas, o que encurtou o campo e obrigou o Peñarol a errar saídas. Quando a bola sobrou limpa, o Racing finalizou com volume e insistência. Não foi sobre brilhar o tempo todo; foi sobre repetir a jogada certa até ela derrubar a porta.

Do outro lado, o Peñarol foi fiel à sua identidade: bloco compacto, força aérea e transição rápida em busca de Maximiliano Silvera. Funcionou por um tempo, especialmente enquanto Emanuel Gularte comandava as disputas pelo alto e Cortés fechava o gol. Mas o acúmulo de cruzamentos, escanteios e segundas bolas cobrou preço. Aos 30 do segundo tempo, o time já marcava dentro da própria área, sem fôlego para escapar.

Individuais que pesaram? Gabriel Arias, seguro nas poucas vezes em que foi exigido, deu tranquilidade. Marcos Rojo, capitão, viveu a montanha-russa da noite: gol anulado, duelo físico duro e liderança para manter a equipe ligada. Martínez foi a faca no último terço: além dos dois gols, arrastou a zaga, cavou faltas e abriu corredores. E Pardo, claro, virou personagem ao decidir no último lance que importava.

Wilmar Roldán administrou um jogo quente, com decisões grandes em momentos chave: validou o pênalti, chamou o vídeo para anular o gol de Rojo e controlou a temperatura quando os ânimos passaram do ponto. Em mata-mata sul-americano, arbitragem entra em cena mais do que gostaríamos. Desta vez, foi firme e clara nas intervenções que mudaram a partida.

O peso do resultado vai além da classificação. O Racing precisava provar que consegue competir em noites duras de Libertadores, e conseguiu. Depois da derrota na ida, não bastava jogar bem: era preciso matar o confronto com frieza. O time fez isso quando converteu a pressão em gols nos minutos decisivos e quando resistiu à ansiedade após o empate do Peñarol no início.

Para o Peñarol, fica a frustração de ter resistido por tanto tempo e perder no detalhe. A estratégia travou o jogo, mas faltou boldness para contra-atacar no segundo tempo. Em mata-mata, recuar demais contra um adversário embalado e um estádio pulsando costuma ser convite ao perigo.

O calendário agora ganha outro contorno para o Racing. Vem aí quartas de final, em jogos de ida e volta, com a mesma exigência de concentração do primeiro ao último minuto. O clube aguarda a definição do adversário, mas a mensagem foi dada: em casa, com o Cilindro cheio e um time que acredita até o fim, a margem para errar dos visitantes é mínima.

Os detalhes da classificação contam uma história maior: elenco com peças experientes, um goleiro que passa confiança, um capitão que compete em alto nível e um artilheiro no auge de confiança. Em Libertadores, isso vale tanto quanto qualquer desenho tático. E quando o desfecho chega aos 48 do segundo tempo, ninguém esquece tão cedo.

Sobre Aline Rabelo

Sou jornalista especializada em notícias e adoro escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Trabalho em um jornal renomado, onde busco sempre trazer uma perspectiva única e detalhada dos fatos. Acredito no poder da informação para transformar a sociedade.

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